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quinta-feira, 1 de março de 2012

Guerra entre dois mundos o dos homens e o dos insetos

GUERRA ENTRE DOIS MUNDOS
O DOS HOMENS E O DOS INSETOS ( Autor Prof.F. J. A. Matos)
Era quase noite, quando começou a convenção destinada a alinhar todas as cabeças para alcançar a vitória final e vingar grandes derrotas anteriores, como a que lhes foi imposta por um sábio guerreiro que tinha Cruz no nome. Falava aquele pequeno ser tão magrinho que dava dó só em vê-lo. Era Aedes, o líder do grupo e descendente dos egípcios,  primo dos Anofelídeos e Culicídeos que também estão em guerra contra a supremacia dos hominídeo no planeta terra.
Como um bom político às vésperas de eleição, berrava: é chegado o tempo de acelerar o término desta guerra que já dura demasiadamente. A pesar de terem sido vencidas várias batalhas, a cada vez com um maior número de mortos entre nossos figadais inimigos, os hominídeos, ainda resta muito a fazer. Da platéia imensa, surge um rumor coletivo e uma voz a perguntar: como é possível saber se estamos vencendo essas batalhas?
Ora como! Os próprios hominídeos anunciam a todos os ventos os resultados, mês a mês e ano a ano, mostrando o crescente número de vítimas que fizemos entre seus pares e prometendo medidas para exterminar nossa raça. Ah! As vãs promessas políticas feitas com muitos alardes e poucas ações. O mosquitinho interlocutor retruca: - E por que ainda não vencemos e tomamos conta, de uma vez por todas, deste planeta juntamente com nossos numerosos correligionários e parentes?
Calma, responde maciamente Aedes: precisamos planejar melhor nosso ataque. Eles tem soldados bem maiores do que nós e melhor aparelhados, com armas químicas desenvolvidas por sua avançada tecnologia. Poderiam levar mais a sério esta guerra, envolvendo na luta todos os hominídeos, independentemente de classes, e liquidar nossos batalhões ou, pelo menos, reduzi-los até o limite do que eles chamam de equilíbrio ecológico.
A fêmea do mosquitinho falante, aproveitando o entardecer, voa até um hominídeo que já espreitava de longe e injeta-lhe a saliva com o vírus que portava e suga-lhe um pouco de sangue, saindo rindo, de barriga cheia e pensando: este está liquidado.
O interlocutor de Aedes grita mais uma vez: - Queremos saber porque a vitória ainda não nos sorriu, para que possamos planejar melhor a maneira de destruir os hominídeos, antes que nos destruam.
- Ora, meu interlocutor, é fácil explicar: apesar das potentes armas criadas por toda a sua tecnologia, os hominídeos não se entendem e estão tão mal divididos em classes que aqueles 80% que formam a sua  maior classe, os pobres, perderam ou nem sequer chegaram a adquirir o conhecimento e a consciência em grau suficiente para usar a seu favor as armas que dispõem. Pelo contrário, até nos ajudam com a crescente oferta de chocadeiras-de-mosquitos, como locais que permitem a desova de nossas fêmeas, como as bromélias plantadas nos jardins e nas ruas. Por isso, seremos cada vez mais numerosos e iremos vencer, como já estamos vencendo mais uma batalha contra os hominídeos em uma de suas cidadelas, logo a chamada Maravilhosa.
E prossegue em seu argumento: - As notícias dizem que são derrubados, com a nossa arma biológica, o vírus da dengue, um de seus habitantes a cada minuto. Além disso, eles abandonaram a proteção de sua deusa Higéia, aliada do grande conselheiro Hipócrates, para adotar o esquema político do “papai-grande” novo deus imposto por suas autoridades políticas, chamado SUS. É um programa, bem planejado, mas a interferência de políticos corruptos que preferem embolsar verbas até da merenda escolar de seus próprios filhotes, somente, na maioria das vezes, serve para fazer de conta que a saúde de todos está garantida.
Outro magricela avisa em alto e bom som: - Cuidado, lá vem um hominídeo fazendo barulho e soltando fumaça venenosa para o nosso batalhão de machos reprodutores. Nem notam que estão matando também seus aliados ecológicos, como o beija-flor, lagartos, calangos comedores de baratas, nossas secretas aliadas gigantes que usam outras armas biológicas. Ainda bem que ficamos resistentes a este tipo de ataque e mesmo que muitos de nossos morram, os que ficam tem capacidade de fecundar muitas das fêmeas que se escondem em suas casas e jardins.
Mais um magricela alado levanta a voz no outro lado da plateia, conclamando os convivas para a luta: - Podemos derrotar os hominídeos, sim! A exemplo do que quase aconteceu ano passado, quando na Europa milhares de correligionários nossos montados em ratazanas conseguiram dizimar com armas biológicas quase toda a população de várias de suas cidades.
- Vamos concluir, diz o líder. E o plano inicial é: ampliar nossa força de ataque, aproveitando a ajuda de nossos adversários na criação de nossos filhotes, as larvas que eles chamam de martelos. Em seguida basta descobrir onde estão os hominídeos anteriormente infectados e por meio de nossas fêmeas, enviar um batalhão delas para sugar-lhe o sangue e partirem para o ataque por via aérea, a fim de inocular em outros hominídeos sadios o sangue infectado, enquanto nós, os machos ficam de fora, escondidos nas árvores e nos alimentando do suco das frutas. Isto os tornará dengosos, com febre e dor nos ossos, sem remédio que os cure, incapazes de participar de qualquer luta.
E conclui o líder: - Vamos levantar as asas formando um V de vitória!!!
Todos, entusiasticamente, gritam uníssono: - É isso aí! É isso aí! E comentam: - Vários ataques sucessivos matarão muitos dos nossos inimigos, como já vem ocorrendo, e mesmo em pequena escala, de norte a sul do país. Vencer a guerra é pois, apenas uma questão de tempo, caso os hominídeos, desde os mais ricos aos mais pobres, moradores de palácios ou favelas, governantes e governadores não consigam colaborar, uns com os outros, para acabar com as nossas diversas chocadeiras, dentro e fora de suas casas, visando à sua vitória contra os nossos batalhões. Ai deles, se não o fizerem.

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